Irmão mais velho
- Amanda Pereira Gomes
- 27 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

O cenário é comum e é mais ou menos assim:
uma criança ganha um irmão e com isso sobe
na hierarquia familiar: é promovido a irmão
mais velho!
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A chegada de um bebê modifica toda a casa e redistribui funções. Os pais bem informados sabem o que os espera: afetos intensos, ciúmes, regressão... mas tem uma coisa sutil que sempre acompanha essa mudança e que merece atenção. Além de todos os novos sentimentos, se transformar em irmão mais velho compreende, também, dar conta de uma série de novas expectativas e responsabilidades.
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Quem já não viu (ou viveu) essa cena: o irmão mais velho é orientado pelos pais a passar a vez, a ceder o brinquedo, isso tudo porque o caçula ainda é pequeno demais para entender as coisas. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
“- Deixa ele, você é mais velho já entende, ele ainda é pequenininho.” ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A tarefa dos pais não é fácil, administrar a dinâmica entre as crianças é trabalho pesado, haja poder de negociação, flexibilidade e firmeza, quando necessário. No entanto, o risco que corremos ao promover crianças a cargo de irmão mais velho é ver nessa criança (que até pouco tempo era a única em casa) uma criança GRANDE e que portanto deve ser capaz de um tanto de coisa. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O mais velho corre o risco de ser sobrecarregado de responsabilidade, cobrado em ser sempre compreensivo, gerando, muitas vezes, uma atitude passiva e submissa, inibindo a agressividade saudável e esperada em toda criança! (Afinal é ela que nos faz lutar pelas coisas que queremos, impor limites e barreiras ao outro). ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
O risco é cuidar do pequeno e fazer o mais velho “crescer” antes da hora, antes dele estar pronto de verdade. A gente acelera as coisas, atropela processos e deixa de ver as necessidades da criança.
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Aí a conta vem alta depois, adultos tomados por um sentimento de injustiça, dores e ressentimentos.



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